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Por Que Esquecemos? Um Convite à Reflexão com a Psicanálise

  • Foto do escritor: Vitor Azevedo Michel
    Vitor Azevedo Michel
  • 2 de jun.
  • 3 min de leitura

Atualizado: há 7 dias


Ato propenso, Edvard Munch (1919 - 1924). Reflexão da Psicanálise: Por que esquecemos?
Ato propenso, Edvard Munch (1919 - 1924). Imagem via Artvee

Se eu te perguntasse se houve, por acaso, algum momento do qual você gostaria de ter esquecido — como uma memória embaraçosa, um momento doloroso ou até mesmo um pensamento intrusivo — imagino que a sua resposta seria sim. Agora, e se eu te contasse que, possivelmente, você pode ter feito isso sem saber? E digo mais: que seus conflitos emocionais podem estar associados a esse esquecimento inconsciente? No texto de hoje, levanto a questão e procuro responder o "por quê esquecemos?", introduzindo como essa 'amnésia' (in)voluntária e suas consequências estão ligadas ao fenômeno da repressão do inconsciente.


Esquecer o que nos machuca: Uma faca de dois gumes


Sem papas na língua. O motivo de esquecermos ou afastarmos ideias ou memórias dolorosas é porque queremos evitar, a todo custo, o desconforto ou desprazer. Para exemplificar, pensemos nesse cenário. Imagine que, enquanto você está lendo esse texto, há um mosquito sobrevoando o seu rosto, passando pelos seus olhos, zumbindo em suas orelhas. Sua primeira reação será naturalmente tentar afastá-lo com suas mãos, afinal, o mosquito está te incomodando e te distraindo. O ato de esquecermos é semelhante a esse nosso movimento de espantar o mosquito e é feito a partir de um mecanismo denominado repressão: uma defesa do nosso inconsciente que visa afastar ou tirar de nossa vista aquilo que nos faz sofrer ou que nos é insuportável de lidar.

Quando colocamos dessa forma, pode nos soar que o trabalho da repressão é bem sucedido e por isso, não deveríamos nos preocupar. Por mais que essa defesa consiga nos fazer esquecer, ela não é toda eficaz. Se voltarmos ao nosso exemplo, essa defesa de afastar as ideias ou memórias que nos machucam seria como se estivéssemos a todo momento tendo que afastar o mosquito do nosso rosto: no começo pode espantá-lo, mas conforme o tempo passa e o mosquito insiste em nos perturbar torna-se cansativo e custoso ficar balançando os braços ou soprando o rosto. O que nos faz pensar que talvez haja outros métodos mais efetivos para podermos lidar com essa situação. É aqui que entra a psicanálise.


Relembrar e fazer diferente


Quando um sujeito procura um analista, pode-se dizer que as formas ou soluções que antes utilizava para lidar com seu sofrimento não estão mais funcionando. Pôr a se esquecer dos problemas foi aos poucos tornando-se um esforço cada vez mais consciente e custoso no cotidiano. Do contrário de reprimirmos, a psicanálise propõe a escutarmos o problema e compreender suas raízes, isto é, pôr em questão quando, como, onde e por quê o sujeito sofre com isso. Um processo que pode ser difícil e doloroso em alguns momentos por estarmos nadando contra a corrente, mas que promete encontrar uma outra forma de lidar com o problema. É somente quando nos permitimos escutar àquilo que evitávamos que podemos de fato perceber a solução que escondia-se debaixo de nosso nariz.

Portanto, podemos afirmar que esse esquecimento ou "vontade de esquecer" pode abrir diversos caminhos quando trazidos a um analista, um profissional que pode ajudá-lo a investigar e perceber o que o inconsciente quer falar nas entrelinhas.


Referências:


FREUD, S. Recordar, repetir e elaborar (1914) In: Obras completas, v. 10. Observações psicanalíticas sobre um caso de paranoia relatado em autobiografia: ("O caso Schreber"): artigos sobre técnica e outros textos (1911 - 1913). São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 193 - 209


FREUD, S. A repressão (1915) In: Obras completas, v. 12. Introdução ao narcisismo, ensaios de metapsicologia e outros textos (1914 - 1916). São Paulo: Companhia das Letras, 2021. p. 82 - 98



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Vitor Azevedo Michel - Psicólogo e Psicanalista

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